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46 ANOS DO MS

há 7 meses

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Na coragem e sob censura, filme de David Cardoso mostrou cultura do MS ao mundo em 1974

Músicas em guarani, estrada de ferro e os grandes prostíbulos da fronteira estão em Caçada Sangrenta

O ano era 1974. Faltava pouco para Mato Grosso do Sul ser criado quando o galã, produtor e diretor de cinema, David Cardoso, hoje com 80 anos, estrelou o filme ''Caçada Sangrenta''. A obra foi gravada em oito cidades do MS e levou ao grande público a cultura, belezas e tradições para fora dos limites da nossa terra.

Os desafios foram muitos, principalmente dinheiro. O sul-mato-grossense recorreu ao então governador do Mato Grosso, Jose Fragelli, para comprar um equipamento de 30 mil dólares à época. O político deu metade do valor em nome da cultura local.  

David Cardoso e dois sócios sul-mato-grossenses tocaram o projeto do filme, dirigido por Ozualdo Candeias. Nele, um suspeito de ter matado uma tia milionária e a dona de um antiquário foge para o Mato Grosso, onde é perseguido violentamente pela polícia e pelo amante. 

Hospedagens e gasolina para as locações foram conseguidas com um membro da família Muller, empreiteiro em Cuiabá.  

David fez filme icônico sobre MT e MS Mala de fugitivo simboliza mistério da trama policial (Foto: Youtube - Dacar Produções)

O filme se passa primeiro em São Paulo e depois Campo Grande, que fora retratada como uma jovem cidade já com traços de modernidade. O imponente Hotel Campo Grande, cedido por Lúdio Coelho para as gravações é prova disso. 

A Capital do MS estava em desenvolvimento, já com a UFMS e um estádio novinho em folha, o Pedro Pedrossian. Aliás, trecho do filme se passa em um Morenão lotado para uma partida entre Comercial e Operário. Também aparecem Ponta Porã, Aquidauana, Maracaju e Corumbá. 

''Mostrei o Estado como ninguém nunca mostrou'', relatou Cardoso ao TopMídiaNews. A ideia dele era apresentar a cultura local e a forma escolhida foi com a fuga de seu personagem, o Neguinho, interior a dentro.  

O Caçada mostrou bem a rusticidade de um Mato Grosso do Sul ainda não totalmente desbravado. A imponência da estrada de ferro, o uso do cavalo como meio de transporte. A população ribeirinha e marginalizada também fora retratada. 

David fez filme icônico sobre MT e MS Perseguição em Aquidauana foi cena icônica do filme (Foto: Youtube Dacar Produções)

Durante a fuga do protagonista do filme são mostrados outros elementos da época,  como os grandes prostíbulos e meretrizes de Corumbá, Cuiabá e Ponta Porã. Na trilha sonora há canções até em guarani, apresentadas em modo instrumental, como ''Recuerdos de Ipacaraí''. O Rio Paraguai, em Corumbá, também saiu com grande destaque. 

''Tem que ter mulher pelada'', exigiu Cardoso antes do início das gravações. Além de ser um gosto dele, era preciso fazer o filme render em bilheteria. 

A ajuda financeira recebida fez com que o filme exibisse uma espécie de documentário típico do regime militar, que vendia o estado do Mato Grosso como pujante e desenvolvimentista. 

David fez filme icônico sobre MT e MS Excesso de nudez fez censura questionar filme (Foto: Youtube - Dacar Produções) 

Meio peito

Cardoso conta que o excesso de mulheres nuas na trama o fez ser chamado a Brasília. Ele foi obrigado a cortar trechos ou substituir por outras cenas. O produtor  cita um episódio engraçado envolvendo a então chefe do Departamento de Censura do governo militar. 

''Tinha uma cena com uma mulher com os dois seios de fora e outro trecho a atriz só com um lado do seio aparecendo. Ela sugeriu que eu deixasse a atriz com um peito só no take... poxa, não tem sentido nenhum deixar uma mulher com um peito só'', relembrou o ator em tom de ironia. 

David fez filme icônico sobre MT e MS Regime quis saber motivo de cavaleiro passar pela foto do presidente (Foto: Youtube Dacar Produções)

Mais censura

O filme traz uma cena onde David surge a cavalo na celebração do 7 de Setembro em Ponta Porã. Em uma das alegorias do desfile, havia uma foto grande do então presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici. 

''Perguntaram por quê que eu passei na frente da foto do Médici e que conotação eu queria dar àquilo. Mas eu nem pensei nisso, não pensei que tinha a foto dele ali'', justificou o artista. 

Público

O filme foi exibido nos principais cinemas de São Paulo, sul do País, Rio de Janeiro e Nordeste, tendo mais bilheteria nos dois primeiros. A obra também passou em salas do MS, sendo primeiro no Cine Alhambra, Rialto e Santa Helena, em Campo Grande. 

''Foi muito bem de crítica, ganhou prêmios, mas não de bilheteria e mal se pagou'', lamentou David. Ele justificou que a proposta da obra era complexa e difícil ser entendida pelo público. 

O filme

Um escultor – Neguinho - é acusado de ter provocado a morte de sua tia milionária, a qual o sustentava. Ele vai preso, mas, por falta de provas, é solto novamente. Quando é acusado de outro assassinato, desta vez da dona de um antiquário, foge para o Mato Grosso, onde será violentamente perseguido pela polícia e pelo amante da dona morta.

O personagem Neguinho foge com uma mala de conteúdo misterioso em mãos e não a deixa em momento algum. Ele enfrenta diversos desafios para manter o objeto consigo e o desfecho só é revelado na última cena. 

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