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Política

23/07/2017 10:58

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Vereadores falham na representatividade e apenas cristãos ganham homenagens

Sessões solenes religiosas realizadas pelos parlamentares contemplam somente católicos e evangélicos

Mesmo questionada pelo excesso de homenagens, a Câmara Municipal falha quando o assunto é representatividade religiosa. Em um estado que deveria ser laico, cinco das sessões solenes realizadas pelos vereadores de Campo Grande estão relacionadas à religião e todas contemplam apenas membros da comunidade cristã.

Segundo o site da Câmara Municipal, entre 2010 e 2017, os vereadores já celebraram o Dia do Vicentino, Dia do Pastor Evangélico, Dia do Obreiro Evangélico e o Dia do Jovem Cristão, além de instituir o prêmio Papa João Paulo II. Destinadas a pessoas que se destacam pelo trabalho prestado à comunidade, todas as homenagens contemplam somente católicos e evangélicos.

No primeiro semestre deste ano, os vereadores realizaram 12 sessões solenes, das quais duas tinham como objetivo homenagear autoridades religiosas. Nestas datas, de felicitações aos pastores evangélicos e na entrega do prêmio João Paulo II, apenas Antonio Cruz (PSDB) e Vinícius Siqueira (DEM) não indicaram ninguém para serem prestigiados nas solenidades.

Problema vem de outras legislaturas

Para o vereador Valdir Gomes (PP), o problema surgiu, principalmente, pela ausência de integrantes de outras religiões nas legislaturas anteriores. Como toda solenidade precisa de um projeto aprovado em plenário para ser criada, faltou interesse por parte dos parlamentares que passaram pela Casa de Leis.

“Todas essas homenagens feitas pela Casa tem projeto que é feito pelos vereadores e os que passaram aqui fizeram homenagem ao Dia do Pastor, por exemplo. Isso já foi questionado e acontece porque não tem, nos vereadores que passaram por aqui, um umbandista ou outra crença. Não houve interesse”, explica.

Vereador Valdir Gomes - Foto: Wesley Ortiz

Valdir se dispõe a corrigir essa falha, já que o estado é laico, mas revela que teme repercussão negativa por causa de uma corrente de vereadores que deseja reduzir o número de sessões solenes. Seria o caso de André Salineiro (PSDB), que solicitou um levantamento de quantas solenidades são realizadas e o custo delas para a Câmara Municipal.

“É questão de propor o projeto, mas está mais difícil porque tem vereador se posicionando contra a questão das sessões solenes e estamos receosos de ampliar o leque de representatividade neste momento. Mas, realmente, tem essa falha e precisamos corrigir. Religião não tem raça e não tem cor, devíamos ampliar isso”, justifica Valdir.

Sessão ecumênica é sugerida por parlamentar

João Cesar Mattogrosso também enfatiza que as proposituras “são dos vereadores que são ou evangélicos ou católicos” e que “para ter outro tipo de homenagem teria que ter outro vereador de segmento para isso”. No entanto, ele sugere a criação de um evento único que contemplasse a todas as religiões.

“Eu gostaria de propor unir todas as religiosas em uma grande sessão solene ecumênica, onde todos os representantes, de acordo com a sua fé, apresentassem suas homenagens, seja para evangélico, católico, espirita... Seria mais prático, contemplaria todas as religiões e vem ao encontro do que a população pede pra gente, com um número menor de sessões”, descreve.

Vereador João César Mattogrosso - Foto: André de Abreu

Apesar de estudar a possibilidade de reduzir a quantidade de solenidades realizadas pela Casa de Leis, o tucano enfatiza que não é contra a festividade. “Não sou contra dar valor às pessoas que realmente ajudam tem trabalho prestado para a nossa sociedade seja no campo religioso, ou profissional como o dia do médico, do garçom”, reafirma.

Espaço aberto a todas religiões

Procurada pela reportagem, a assessoria da Casa de Leis também enfatizou que sessões mais plurais dependem de projetos de lei e destacou que há dois anos eram realizados cultos dos mais variados, inclusive com representantes da umbanda e outras religiões. Além disso, destaca que a Câmara Municipal está aberta para todas as manifestações religiosas, dependendo apenas de proposição de algum parlamentar. 

Neste ano, no Dia do Pastor Evangélico, deixaram de indicar possíveis homenageados os parlamentares Hederson Fritz (PSD), João César Mattogrosso, João Rocha (PSDB) e Odilon de Oliveira (PDT). Já no prêmio João Paulo II, abdicaram do direito de convidar alguém os vereadores Cazuza (PP), Lívio Viana (PSDB) e Junior Longo (PSDB), sendo que o último havia homenageado os pais pastores no evento anterior.

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