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Política

23/05/2019 07:00

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No berço da Justiça: filhos de desembargadores são 'estrelas' em operações da PF e Gaeco

Os dois, contudo, ainda não foram denunciados; eles ocuparam chefias em gestão de ex-prefeito condenado por corrupção

Advogados de sucesso e com parecidos graus de prentesco: Fábio Castro Leandro e Rodrigo Pimentel são filhos de desembargadores do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Mais semelhanças: a dupla já teve os nomes mencionados em investigações tocadas pela Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), braço forte do MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Outra homogenia entre os dois: exerceram cargos de chefia no período que Campo Grande tinha como prefeito Gilmar Olarte que, depois de deixar o mandato por força judicial, tornou-se presidiário e condenado por corrupção.

Ex-prefeito, Gilmar Olarte empregou os dois advogados - Foto: Deivid Correia/Arquivo

A investida contra Fábio Leandro, filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro, presidente do TJ-MS, ocorreu em novembro do ano passado. Logo pela manhã do dia 27 daquele mês, carros oficiais da Polícia Federal e da CGU (Controladoria Geral da União) foram estacionadas em frente ao escritório do advogado, na rua Alagoas.

Por lá, os investigadores da 6ª fase da Lama Asfáltica, operação conduzida pela PF, ficaram a manhã inteira, juntando papeis que acharam interessantes para a apuração de suposto esquema fraudulento implicando a PSG Tecnologia Aplicada, no ano de 2015. A empresa em questão prestava serviços ao governo de MS e também para a prefeitura de Campo Grande.

De acordo com os investigadores, dois cheques da PSG teriam sido emitidos para o escritório de Fábio Leandro, no valor aproximado de R$ 400 mil. Ocorre que, informou a PF, a empresa do filho do desembargador não teria, à época, prestado serviços jurídicos à PSG, daí a suspeita de algo irregular. A PSG já era investigada na operação Lama Asfáltica.

Naquele 18 de novembro, a PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensões em empresas de informática que prestavam serviços ao poder público. Numa das fases da Lama Asfáltica, os investigadores descobriram que as empresas, que faturavam alto, mandavam dinheiro para fora do país de maneira ilegal.

Rodrigo Pimentel, ex-secretário de Gilmar Olarte e filho de desembargador - Foto: Deivid Correia/Arquivo

PIMENTEL

Já o nome do advogado Rodrigo Pimental, filho de Sideni Soncini Pimentel, surge em escutas feitas com autorização judicial, pelo Gaeco.

Num dos diálogos, o então secretário de relações institucionais da administração de Gilmar Olarte, é cobrado por um vereador que o questiona a razão pela qual o prefeito não quis nomear alguém de seu partido, o PT do B, no caso, para chefiar a Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

De acordo com as investigações, a maioria dos vereadores Campo Grande (29), em 2014, cassou o então prefeito Alcides Bernal (PP), atraída pela promessa de dinheiro e favores. Quem votou pela saída do prefeito receberia cargos importantes no município.

Na conversa captada pelo Gaeco, Pimentel teria se comprometido a “resolver” a questão do vereador.

Essa investigação foi denunciada ao TJ-MS, que arquivou o caso que envolveria empresários, vereadores e o ex-governador André Puccinelli (MDB). No entanto, em decisões recentes, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), determinou que a questão seja, sim, investigada.

Noutro grampo do Gaeco, Pimentel é citado novamente, desta vez, como suposto responsável pela fuga do ex-assessor de Olarte, Ronan Edson Feitosa de Lima.

Ronan Feitosa durante julgamento - Foto: Dany Nascimento/Arquivo

Olarte, segundo o Gaeco, pegava cheques de colegas de igreja – o ex-prefeito era dono de um templo evangélico – e os repassavam para agiotas conhecidos seus. O dinheiro arrecadado, com a ajuda de Ronan, seria para quitar dívida de campanha política, em 2012. Edson Feitosa fugiu para não ser preso, à época.

Por estes crimes, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-prefeito foi condenado a oito anos e quatro meses em regime fechado. No entanto, ele recorreu e vive livre na cidade de Campo Grande.

Embora citados nas investigações da PF e Gaeco, os nomes de Fábio Leandro e Rodrigo Pimentel não aparecem como réus em nenhum processo judicial, conforme pesquisa feita pela reportagem no site da corte.

Eles também não foram investigados pela comissão de ética do OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil).

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