Servidora da Secretaria de Estado de Administração (SAD), Simone Ramires de Oliveira Castro é apontada como uma das responsáveis pela fraude em licitações de Mato Grosso do Sul lideradas pelos irmãos Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho. Ela foi presa na manhã desta quarta-feira (30) durante a operação Turn Off, do do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção).
Conforme documentos obtidos pela reportagem, Simone atuava como pregoeira e recebia propina para beneficiar os irmãos em diversas licitações. O pagamento, inclusive, muitas vezes era imediato, como mostra o seguinte trecho do despacho:
“Para tanto, contaram com auxílio da servidora e pregoeira Simone Ramires de Oliveira Castro, com a posterior transferência de valores da conta do investigado para a conta pessoal de Simone no dia exato da realização do Pregão Eletrônico n. 059/2021 (24/01/2022), como também nas datas de 16/03/2022 e 19/08/2022.”
A investigada também acessava e enviava documentos sigilosos para os empresários Lucas e Sérgio. O rombo calculado pela Turn Off, no total, chega a R$ 68 milhões.
Simone inclusive, cobrava forte o recebimento de propinas. Conforme o documento judicial, “merece destaque trecho de conversa entre Lucas e Sérgio”:
"Lucas: Fala Júnior, beleza. Seguinte cara, éeee, Simone tá me enchendo o saco, ela, encontrei ontem ela lá na secretaria, hoje ela tá me mandando mensagem se tem alguma coisinha pra ela lá do negócio da empresa lá, ai... isso que eu falo, quando a gente fala com ela tem que sabe muito bem o que vai fala porque ela é carniça, além de eu ter dado aquele dia aquele valor que te falei ela tá pedindo mais um, vê se tem alguma coisa pra ajuda ela lá, que disque ela tá precisando. Ai cê me fala aí. (Data do áudio: 18/10/2022, às 07:29:34)"
Foram detidos, além de Simone e dos irmãos, o secretário-adjunto de Educação Édio Antônio Resende de Castro, a servidora Andréa Cristina Souza Lima, o dirigente da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) Paulo Henrique Muleta e Victor Leite de Andrade, primo dos irmãos.
As informações foram obtidas pela Operação Parasita, realizada ano passado, quando conversas dos celulares de Lucas Coutinho e Sérgio Coutinho revelaram o esquema, inclusive com – ainda conforme os investigadores – a combinação para o pagamento de propinas em dinheiro vivo.