O episódio onde o vereador Tiago Vargas (PSD) intimou o colega de partido, vereador Beto Avelar, para a “porrada”, durante a sessão da Câmara desta terça-feira (2), levanta questionamentos sobre eventual quebra de decoro parlamentar.

Em resposta, o presidente da Comissão de Ética, e Decoro Parlamentar, vereador Papy (Solidariedade), disse apenas que a comissão “tem que ser provocada” para investigar a situação.

Papy usou poucas palavras para comentar o caso, no mínimo vergonhoso para a Câmara. Ele disse que os vereadores que acharem necessário devem fazer o pedido à comissão. “Eu, como presidente da comissão, preciso ser provocado”.

O irônico é que Tiago Vargas é vice-presidente da Comissão de Ética, e Decoro Parlamentar e não é a primeira vez que se envolve em situações polêmicas. Há alguns meses, ele emplacou dancinha em Plenário para ganhar likes em rede social e o presidente da Casa, vereador Carlão (PSB), chamou sua atenção e proibiu gravações no local.

O vereado Zé da Farmácia, do Podemos, membro da Comissão, disse que a situação constrangedora deverá ser discutida em reunião ainda sem data marcada. 

“Conversamos com o presidente a respeito desse distúrbio, e ele sugeriu que a gente aguardasse alguns dias para deliberar em reunião. Então, estou aguardando a data para tratar do assunto”, disse Zé da Farmácia. 

Membro da Comissão, o vereador Loester Nunes (MDB) pontua que não há motivos para quebra de decoro. "Como não houve confronto físico e só verbal não vejo motivo para acionar a Comissão  de Ética. Vou falar com o presidente para uma reunião  com todos os vereadores para discutir o assunto."

O Professor João Rocha (PP), membro da Comissão, não respondeu às indagações sobre qual será a postura diante do tema.

O que diz Beto Avelar?

O vereador Beto Avelar afirma que a briga protagonizada por Vargas não é caso de quebra de decoro e reforça que o mais importante são suas críticas sobre o comportamento das pessoas.

“Não é o caso de quebra de decoro porque há algo mais importante, que consiste na crítica que eu fiz, que não é ficarem fazendo pré julgamento sem o devido processo legal e o contraditório.”

Para parlamentar, é visível as incoerências de alguns que atacam para obter ganhos eleitorais. “É necessário parar com ataques pessoais e que atinjam as famílias. Fomos eleitos para fiscalizar e apresentar projetos. Mas, alguns colegas ainda insistem em levar a discussão para o campo do ataque pessoal visando ganho eleitoral.”

Ele diz ainda que sua intenção é pacificar a situação entre os colegas vereadores. Porém, cita que não vai permitir que as sessões da Câmara continuem com ataques como os feito ontem por Vargas.

“Na condição de advogado e todos os dias assistindo ataques às famílias e pré-julgamentos, sem espaço para defesa ou do contraditório, não vou admitir que as sessões continuem com ataques como aqueles de ontem. Família é um bem sagrado e talvez, até mesmo por tudo que estou passando com o meu filho, não vou admitir isso.”

Chamou para a porrada

Vargas começou o que poderia terminar em porradaria na terça-feira (32), durante a sessão da Câmara Municipal de Campo Grande. 

Em bate boca, Beto Avelar, líder da prefeita Adriane Lopes (Patriota), insinuou que Tiago Vargas não respeita as mulheres, e se referiu a vídeo que ele gravou tendo relação sexual com uma mulher e depois distribuiu na internet. 

"E tem outros colegas que utilizam o termo patifaria. Vamos falar um pouco de patifaria. Vamos falar de um vídeo que corre por aí. Isso é agressão contra as mulheres. Então, respeitem para que sejam respeitados."

Em resposta, Vargas se irritou, chamou o parlamentar para a briga e justificou que tinha 15 anos à época que gravou o vídeo. Mas isso, não foi provado.

"Vereador Beto Avelar, eu falo olhando na tua cara, meu irmão. Se você está mandando recado por alguém... Eu tenho sim um vídeo que fiz quando tinha 15 anos de idade [sic]. Não foi dentro de gabinete não".

Aos gritos, Tiago chamou Beto para encarar a briga. "Se você está mandando recado para alguém. Aqui tem peito, aqui não deve pro sistema. Tome vergonha na sua cara e cite meu nome. Vem quente que eu estou fervendo", disse aos gritos e continuou.

Tiago Vargas ainda foi em direção a Beto Avelar e foi segurado por Marcos Tabosa.