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Saúde

03/04/2019 17:00

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Com a mão quebrada e em jejum, trabalhador espera cirurgia há 15 dias; HU culpa caos na Saúde

O paciente chega a ficar em jejum diariamente para fazer a operação, mas o tempo passa e ele permanece ‘esquecido’

Alex Sandro Martins Gonzáles, 30 anos, tem enfrentado um verdadeiro dilema. Há pelo menos 15 dias o rapaz quebrou uma das mãos durante o trabalho e, desde então, está internado para realizar a cirurgia, que até agora não foi realizada. O paciente chega a ficar em jejum diariamente para fazer a operação, mas o tempo passa e ele permanece ‘esquecido’.

Gonzáles era morador da cidade de Ponta Porã, distante 250 quilômetros da Capital. O rapaz veio para a cidade em busca de emprego e estava realizando um bico em um sítio, quando caiu e acabou fraturando uma das mãos.

A madrasta de Alex, a cabelereira Loir Iracema Dias Ribeiro, de 51 anos, diz que a família não consegue ir à Campo Grande para visitar o rapaz, que acaba ficando sozinho e muitas vezes sem se alimentar no Hospital Universitário.

“Somos humildes, não temos condições de irmos sempre para Campo Grande. A equipe do hospital deixa o menino todos os dias em jejum e não faz a cirurgia. Às vezes ele fica sem comer achando que vai operar, quando chega a noite não operam, mas daí já passou os horários das refeições e ele fica sem se alimentar. Como estamos longe, não conseguimos levar comida. O Alex está dependendo só do alimento do hospital, mas como enrolam, ele fica sem comer”, disse a madrasta.

A cabelereira tem que medo também que, além da dor diária que Alex sente na mão, ele seja contaminado com alguma infecção hospitalar já que a cada dia que passa está mais debilitado.

“Ele emagreceu muito com a demora e ficamos preocupados com o que pode acontecer. Já pensamos em trazê-lo para Ponta Porã, mas aqui ele iria ter que fazer vários exames para a operação. O bom mesmo seria se o HU agilizasse a cirurgia”, destacou.

Hospital Universitário culpa caos na Saúde

A equipe de reportagem do TopMídiaNews entrou em contato com o Hospital Universitário para saber se existe uma previsão de quando o Alex Sandro será operado, mas conforme a assessoria de imprensa, ainda não há uma data prevista.

O hospital diz que o problema é o setor de ortopedia, que está um caos em todo Mato Grosso do Sul. Ainda segundo a assessoria de imprensa, além da grande demanda de pacientes, o HU conta com apenas cinco salas de cirurgia, o que dificulta o trabalho dos profissionais.

“Alguns pacientes estão aguardando há mais tempo que o Alex. Na última semana, uma senhora de 82 anos aguardou 18 dias para ser operada. A ortopedia está um caos e não temos como atender a grande demanda que chega aqui. Pelo menos 43 pacientes estão na fila de espera para realizar operações, sendo que um deles já aguarda há mais de 20 dias", diz.

"Eles vão operando por ordem de chegada, mas acabam perdendo o lugar para as cirurgias de emergências. Se chegar algum paciente enfartando, ou envolvido em um grave acidente, temos que colocá-los na frente desses que estavam programados para operar. O Hospital do Trauma não está funcionando normalmente e toda demanda do Estado acaba indo para o HU”,  completa a assessoria.

Ainda conforme a unidade, o contrato do SUS com o HU prevê operação de cinco pacientes por dia, mas diariamente 12 pessoas são levadas para hospital para esta finalidade.

“Tudo está passando do limite. Nosso pronto-socorro tem 18 leitos, mas chegam mais de 50 pacientes. Já teve um dia que atendemos 68. Não temos estrutura para suportar a grande demanda de pessoas com poucas salas de cirurgias”, finaliza.

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