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Política

Mandetta diz em CPI que Bolsonaro queria mudar bula da cloroquina

Mesmo sem comprovação científica, o ex-ministro explicou que o presidente defendia o uso da cloroquina como parte do tratamento precoce

04 maio 2021 - 15h17Por Vinicius Costa

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta explicou em seu depoimento para a CPI da Covid, nesta terça-feira (4), que o presidente Jair Bolsonaro tentou junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mudar a bula da cloroquina para que o medicamento fosse indicado ao tratamento da covid-19.

No entanto, o pedido foi negado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. Segundo estudos científicos, a cloroquina é ineficaz contra a doença do coronavírus.

“Eu estive dentro do Palácio do Planalto quando fui informado, após uma reunião, que era para eu subir para o terceiro andar porque tinha lá uma reunião com vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina, que eu nunca tinha conhecido. Quer dizer, ele tinha esse assessoramento paralelo", disse Mandetta.

Na CPI, Mandetta entrou na condição de testemunha para depor sobre possíveis atos de irresponsabilidade do Governo Federal no combate a pandemia da covid-19. Em mais de um ano de pandemia, o Brasil já tem mais de 408 mil mortes.

"Nesse dia, havia sobre a mesa, por exemplo, um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus. E foi inclusive o próprio presidente da Anvisa, [Antonio] Barra Torres, que disse não", continuou o ex-ministro.

Como parte do seu depoimento, Mandetta ainda salientou que Bolsonaro defendia o uso da cloroquina como parte do tratamento precoce, mesmo sem evidência científica. O ex-ministro alega que o presidente teria outras fontes de informação, pois o uso do medicamento não era recomendado pelo Ministério da Saúde.

“Me lembro de o presidente sempre questionar a questão ligada à cloroquina como a válvula de tratamento precoce, embora sem evidência científica. Eu me lembro de o presidente algumas vezes falar que ele adotaria o chamado confinamento vertical, que era também algo que a gente não recomendava", afirmou.