Galateia, de Madelaine Miler, é um conto do ponto de vista feminino sobre o mito de Pigmalião, um hábil escultor que achava as mulheres que conhecia vulgares, escrito pelo poeta Ovídio.

Segundo a mitologia, ele se tornou celibatário por não achar ninguém interessante e esculpiu a "mulher perfeita". Apaixonado pela própria arte, ele implorou à deusa Vênus por um milagre e ela deu vida à estátua.

Continuo achando a qualidade dos textos de Madelaine questionável, sempre com cara de fanfic adolescente, mas me diverti com esse conto. Galateia tem uma personalidade forte e uma astúcia incrível.

Os abusos sexuais são contados de forma quase banal, porém acredito que seja a intenção, amargar a situação sem grandes choques. Mas há algo de sensível na história, tanto sobre a maternidade quanto às marcas que uma mulher real possui. Pigmalião não observa, mas Galateia ganhou marcas da gravidez. Além disso, ele só se livrou dela porque esperava alguém obediente.

No mito original, o 'nascimento' de Galateia já é o ponto final da história, mas também gosto de pensar que ela conseguiu se vingar do seu cárcere, mesmo que o fim seja trágico.

Ah, eu não conhecia esse mito antes, diferente de Aquiles, recontado em outro livro da autora, mas já imaginei Pinóquio como uma releitura da premissa original (não sei, só estou associando). Por fim, Pigmalião me pareceu um grande incel e pedófilo, sob a ótica do meu tempo.